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Império é
um desses lugares pacatos do interior do Brasil Central. É um vilarejo tão
desconhecido que nem aparece nos mapas geográficos do país. E sua população, a
maioria de origem romena, se orgulha disso. Eles apenas dividem, atualmente,
espaços com as tribos indígenas próximas ao vilarejo. Esse povo não quer
que ocorra a invasão de forasteiros e com isso, tirem o sossego deles. Não fazem
questão de que pessoas estranhas influenciem em sua cultura. Portanto, ainda
vivem seguindo os costumes e a tradição Romena.
Esse povo chegou ao Brasil por volta de 1888,
período em que o país havia abolido a escravidão. Isto aconteceu após muitas
pressões da Inglaterra exigindo o fim do tráfico negreiro. Então,
naquela mesma data desembarcou uma pequena leva de imigrantes no porto de
Santos. Praticamente não foram percebidos, nem tão pouco, registrados.
Esse povo
veio liderado pelo Conde Nicolay Vuia. Um homem muito rico, mas que era
perseguido em seu país por alguns inimigos religiosos. Era acusado de praticar
bruxaria, através de rituais que envolviam sangue humano, mas isso,
jamais fora comprovado. Então, para viver mais tranquilo, resolveu vir para a
América trazendo algumas famílias pobres que confiaram nele e em sua
promessa de trabalho, riqueza e dignidade.
No período em que ele viveu no país, houve muita
morte e ao mesmo tempo, o desaparecimento de vários índios. Ninguém sabia qual
era o motivo daquela tragédia. Alguns corpos, quando eram encontrados nas
matas, estavam com cortes nos pulsos e marcados na testa com ferro quente no
formato circular.
Com isso, logo ocorreu um boato pelas aldeias de
que o povo que chegara ao local havia trazido uma praga para a região.
Devido a esses acontecimentos, as famílias romenas
daquela época ficaram assustadas, principalmente sobre a possibilidade de
ocorrer um ataque indígena contra eles. Resolveram então, invadir o casarão
principal de Império a fim de matar Nicolay. Todos desconfiavam de que ele
fosse o culpado daquelas mortes indígenas. Ainda mais, depois que souberam dos
boatos de sua maldade na Romênia.
Então, reuniram os homens mais fortes e com a ajuda
de alguns índios amigos, amarraram o conde na cama. Depois de várias rezas de exorcismo,
enfiaram-no várias estacas de madeiras e lanças por todo o corpo. Perceberam
com este ato que, nenhum sangue escorria pelos furos do corpo do homem e muito
menos ele gemia. Parecia que estava esperando por essa atitude do povo. Apenas
olhava com desdém para todos enquanto morria.
Nicolay vivia com uma mulher muda a qual todos
somente sabiam que se chamava Nádia. Ela quase não aparecia fora do casarão. Às
vezes, quando era vista, estava na companhia de Constantin, um fiel ajudante da
família. O rapaz era considerado uma aberração pelos habitantes daquele lugar.
Ele tinha o rosto todo deformado por queimaduras. Dizem que quando era pequeno,
vivia pedindo esmolas pelas ruas de Bucareste e Nádia havia então, o adotado.
Pela manhã, após a morte de Nicolay, Constantin
estava transfigurado de tanta raiva. Ele apareceu nas aldeias e começou a jogar
praga a todos, dizendo que o conde voltaria num período de 200 anos. Portanto,
mataria a todos os descendentes das famílias que morassem num raio de 50
quilômetros de seu casarão. Naquela época, as pessoas não se preocuparam com as
palavras de Constantin. Ficaram, portanto, muito aliviadas pela morte do conde.
Assim, a população do lugarejo chamado Império,
como também, das aldeias vizinhas, contam para todas as gerações a história do
Conde Nicolay Vuia.
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