Paixão por jogador de futebol
Futebol
não é o esporte muito praticado na vila onde moro. Quase todos que moram aqui,
preferem jogar basebol. Isso ocorre devido à proximidade com a Venezuela.
Estamos tão perto desse país que do outro lado do rio já tem uma pequena cidade
venezuelana. Lá é o local onde sempre frequentamos, tanto para fazer compras,
quanto para estudar. Por mais que ainda é bem pequena, tem mais recursos do que
aqui onde moro.
Então,
todos aqui têm mais contato com a cultura venezuelana e muito pouco, em relação
à brasileira. Mas, mesmo assim, a minha maior paixão é pelo futebol. Porém, o
mesmo não posso dizer dos outros garotos de minha idade que vivem por esses
lados do país.
Nos
finais de semana, eu sempre procuro alguém para jogar uma pelada no campinho,
só que ninguém aceita jogar futebol.
Tenho
uma bola para jogar futebol que já está bem velha e outra que fica exposta bem
na entrada do meu quarto. Esta ninguém coloca a mão. Eu ganhei do meu tio que a
trouxe da cidade grande. Ela está autografada pelo maior jogador de futebol que
já vi jogar na televisão. Por isso, não deixo ninguém encostar a mão nela.
Portanto, ainda espero um dia poder vê-lo de perto e mostrar a bola que guardei
com tanto carinho. Devido a esse desejo, já tenho até planos de que, quando eu
estiver maior, vou para a cidade grande a fim de conhecê-lo e também jogar em
um time famoso.
As
paredes do meu quarto são cheias de foto do meu ídolo no futebol. No meu guarda-roupa
tenho guardadas todas as camisas dos times pelo qual ele já jogou. Tenho também
chuteira, meião, short, caneleira, boné, toalha de banho e rosto. Para
completar, tenho até um relógio de parede com o nome dele.
Durante
todos os dias, somente uso as camisas de futebol que tem o número e o nome dele
nas costas. Até quando vou para a escola coloco a camisa do meu time por baixo
do uniforme.
No meu aniversário de quinze anos já pedi para
meu pai de presente a possibilidade de tatuar a imagem do meu ídolo no formato
de caricatura no meu braço. Quero que ele esteja com a bola de baixo dos pés e
erguendo uma taça de campeão. Essa pose foi a que ele fez quando foi eleito o
melhor jogador de futebol do mundo.
Aqui
na vila todos falam que eu jogo muito bem futebol. Dizem também, que
provavelmente serei um grande atleta. Entretanto, eles falam que preciso ganhar
mais corpo porque sou meio franzino. Outros comentam que essa profissão é muito
concorrida e preciso de sorte para chegar ao sucesso. Contudo, sei que na hora
certa as coisas acontecerão de acordo com o que eu preciso para poder vencer no
esporte.
No
próximo final de semana, meu pai já falou que vai conversar com o treinador de
basebol sobre mim. Mas não gostei muito, pois já falei para ele que gosto de
bater na bola com o meu pé esquerdo e não com um taco de madeira. Após ouvir
isso, ele retrucou dizendo que devo dar uma chance para o basebol.
Não quero contrariar meu pai, por isso terei
que ir lá. Mas, vou com a minha chuteira, meião, o short e a camisa do meu
ídolo. Tenho certeza que eles ficarão surpresos a me ver chegar vestido assim.
Somente quero mostrar com isso, que posso até trair o meu esporte favorito. Entretanto,
não traio o meu maior ídolo.
Então, no momento, a única coisa que posso
fazer é tentar ganhar condicionamento físico, mesmo sendo no basebol. Durante
as jogadas, procurarei pensar como um jogador de futebol mesmo jogando em outro
esporte. Assim, a dor da mudança não me fará tão mal.
Meu
avô sempre dizia que, Cada pessoa dança conforme a música tocada. Por isso, vou
tentar entrar no ritmo oferecido pela vida.
Mari Silveira
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