Os cientistas são lógicos, fazem observações e experimentos com o objetivo de elaborar teorias que expliquem seus dados. Já os artistas são emotivos, trabalham em solidão e com base em sua intuição. Pelo menos, é isso que dizem para a gente.
No livro "Colliding Worlds" (Mundos em Choque, em tradução livre), o historiador e filósofo Arthur I. Miller argumenta que artistas e cientistas sempre tiveram a mesma missão: "revelar a realidade além das aparências, o mundo invisível aos nossos olhos". Ele argumenta que depois de uma divisão feita pelo Iluminismo, essas duas vertentes da compreensão humana voltam a se unir ao longo do último século e essa reunião está cada vez mais acelerada com o advento da era digital.
Dominando a arte de vender um livro pela capa
Peter Mendelsund geralmente diz que "os autores mortos recebem as melhores capas de livros". Mendelsund, que já criou belas capas para gigantes literários de outrora como Kafka, Dostoiévski, Tolstói e Joyce, não é muito chegado à ideia de trabalhar com escritores exigentes que querem impor determinada fonte, cor, imagem ou tema visual.
Peter Mendelsund geralmente diz que "os autores mortos recebem as
melhores capas de livros". Mendelsund, que já criou belas capas para
gigantes literários de outrora como Kafka, Dostoiévski, Tolstói e Joyce,
não é muito chegado à ideia de trabalhar com escritores exigentes que
querem impor determinada fonte, cor, imagem ou tema visual. "O resultado
é horroroso", disse ele. Então, no ano passado, o diretor de arte
associado da Knopf tornou-se o pior pesadelo para si mesmo. Começou a
escrever seu próprio livro, "What We See When We Read" (O que vemos
quando lemos, em tradução livre), um divertido tratado ilustrado sobre
como as palavras dão origem a imagens mentais. E afirma ter sido
insuportável bolar sua capa. Como autor, sentiu que nenhuma imagem
poderia resumir a premissa do livro; como designer, tinha que colocar
alguma coisa lá, ou demitir-se desonrosamente. Sua primeira tentativa
foi decepcionante: uma capa preta simples com texto em pequenas letras
brancas. "Foi como o medo do palco", disse ele. "Eu congelei". O medo do
palco não é algo crônico para Mendelsund, "pianista clássico em
recuperação" de 46 anos e designer gráfico autodidata; pelo contrário,
frequentemente costuma sofrer de excesso de ideias. Na década passada,
criou cerca de 600 capas de livros, uma sóbria e sofisticada para
"Guerra e Paz" de Tolstói, outra com tratamento estilo Pop art para
"Metamorfose" de Kafka, e as espirais fluorescentes hipnóticas do
thriller de Stieg Larsson, "Os Homens que não Amavam as Mulheres".
Mendelsund há muito tem sido considerado um dos melhores designers de
livro na ativa, ao lado de Chip Kidd, Alvin Lustig e George Salter.
Agora, ele estreia como escritor, com dois livros saindo em agosto.
Ambos exploram os desafios peculiares de transformar palavras em imagens
e misturam ilustrações com filosofia, crítica literária e teoria do
design. Em "What We See When We Read", publicado pela Vintage Books,
aborda o modo misterioso com que o texto produz vívidas imagens mentais,
mesmo quando o autor fornece poucos detalhes visuais. A maioria dos
leitores, por exemplo, sente que pode descrever Anna Karenina com
perfeição, mesmo Tolstói tendo nos dado pouco mais que olhos cinzentos,
cílios grossos e cabelos castanhos cacheados. Em suma, Mendelsund
argumenta que a leitura é um ato de coautoria e que nossas impressões de
personagens e lugares se devem tanto à nossa própria memória e
experiência quanto aos poderes descritivos dos autores.
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